Thursday, March 22, 2012

A MULHER DE ROXO


Espetáculo une poesia, música, artes visuais e dança para contar a história da misteriosa e lendária figura

Várias são as versões sobre a vida desta mulher que perambulou por longos anos nas ruas de Salvador, especialmente no Pelourinho e Rua Chile, na segunda metade do século passado. Sempre vestindo a cor roxa, com roupas semelhantes aos hábitos das freiras, descalça e com forte maquiagem no rosto, ela circulava pedindo dinheiro, sempre muito bem educada. Diziam que ela era de uma família rica, bem nascida e teria enlouquecido em virtude de uma enorme decepção amorosa. Sua misteriosa história, de abandono e solidão, se tornou uma lenda entre o povo.

A montagem A Mulher de Roxo coloca seu foco nessa forte figura feminina, uma personagem à procura de um sentido para uma vida marcada pela repressão familiar, na figura de um pai autoritário e moralista. Após varias tentativas para ser livre, ela busca na fantasia seu lugar no mundo.

A Mulher de Roxo reúne em sua estrutura poesia, música, artes visuais e dança. A poesia do texto faz uma referencia ao "Cântico dos Cânticos", de Salomão.

O poema abre o espetáculo, levando Doralice, a mulher de roxo, a se inserir num universo onde o sagrado e o profano se misturam e permeiam toda sua história. Um clima barroco envolve a personagem que sempre está dividida entre o prazer e a religiosidade que lhe é imposta pela família.

O espectador é levado à um mundo imaginário e delirante, vivenciado por Doralice, a personagem-título. A poesia das musicas funcionam como referencia ao tempo e faz as ligações das cenas. O visual da montagem é repleto de signos que despertam no espectador sua imaginação, os figurinos e a iluminação pontuam a encenação detalhando e reforçando a plasticidade do espetáculo.

A montagem é um importante resgate cultural que pretende provocar a reflexão do espectador. Torna-se cada vez mais significativo, em um mundo globalizado, termos sempre referências de fatos e personagens que contribuem culturalmente para a afirmação de nossa cultura e da nossa memória.